Hoje li a notícia que relata a recomendação do CNE. A ideia passa por utilizar percursos alternativos, melhorar o apoio aos alunos desde o início do Ensino Básico e retirar valor aos exames de avaliação.
Analisando as palavras do CNE chego à conclusão que o Conselho Nacional de Educação não fala das taxas de absentismo dos alunos, dos problemas de carência sócio-económica dos alunos que "chumbam" e ainda de que faltam recursos humanos para melhorar o apoio educativo.
Em vez de reduzirmos a taxa de reprovação dos alunos através do facilitismo nos exames preferia que a sociedade portuguesa melhorasse o apoio às famílias carenciadas, porque a pobreza existe em Portugal e combatê-la é a melhor forma de reduzir a taxa de reprovação. Esta taxa é um reflexo da falta de oportunidades e estabilidade emocional que 1 em cada 3 alunos sofre em Portugal.
Leia o parecer do CNE aqui CNEedu.pt
A notícia é a seguinte:
O Conselho Nacional de Educação (CNE) considera que chumbar um aluno é uma "má solução", que não resolve as dificuldades do estudante, baixa a auto-estima e aumenta a probabilidade de insucesso no futuro.
"A retenção sanciona, penaliza, não se reconhecendo o seu carácter pedagógico", sublinha um relatório deste órgão consultivo do Ministério da Educação, hoje divulgado."Potencia comportamentos indisciplinados, fruto de uma baixa auto-estima e desenquadramento em relação à turma de acolhimento, o que dificulta ainda mais a aprendizagem", adianta o CNE, frisando a "manifesta ineficiência e ineficácia" do chumbo.
Depois de alguns anos a descer, a taxa de retenção voltou a subir desde 2011/2012 e chega atualmente aos 13%, uma das mais elevadas da União Europeia. Em 2013 (último ano em que há dados disponíveis), 165 mil alunos do ensino básico e secundário não conseguiram passar.
"As taxas de retenção e desistência para cada ciclo são não só elevadas como denotam que os percursos escolares marcados pelas retenções se iniciam em níveis educativos muito precoces e se vão acentuando à medida que avança a escolaridade", refere o documento. Aos 15 anos de idade, um em cada três alunos portugueses já chumbou pelo menos uma vez.
Para o CNE, passar um aluno com dificuldades de aprendizagem não só não é facilitista como pode até ser revelador de mais exigência: "a transição responsável de alunos com baixo rendimento escolar acarreta uma maior exigência, uma vez que pressupõe por parte de todos os intervenientes um esforço acrescido no desenvolvimento de estratégias e medidas de apoio e reforço das aprendizagens".
Menos exames e com menos peso
Como alternativa ao chumbo, o Conselho recomenda que sejam diagnosticadas mais precocemente as dificuldades dos alunos, para que os apoios comecem logo no pré-escolar e nos primeiros anos do primeiro ciclo. A diversidicação dos currículos e percursos educativos, a criação de programas menos extensos e a reorganização do ensino básico são outras das recomendações.
O CNE defende ainda que deve ser reavaliada a existência de exames nacionais do 4º e 6º anos e repensadas as "implicações dos resultados das provas finais no prosseguimento de estudos".
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