Uma experiência com o Movimento da Escola Moderna

Uma experiência com o Movimento da Escola Moderna

"Ter um objectivo para escrever é como saciar a sede com água em vez de ter de beber todos os dias a sopa de letras."

       O ponto de partida desta experiência sobre a perspetiva sociocultural da escrita do modelo do Movimento da Escola Moderna foram as Produções realizadas pelos alunos no 1.º ano durante uma visita à biblioteca da freguesia. As crianças depois de lhes ser lida a história sobre “Como se escreve um livro”, produziram pequenas histórias ilustradas. (ver anexo 1).

mem3

         Na segunda-feira seguinte escolhi um dos livros aleatoriamente e “contei” a história retratada nesse livro. De seguida pedi aos alunos para me recontarem a história. Chegamos a um texto coerente que fui escrevendo no quadro. Ficou assim patente a expressão “de que se pode desenhar, além de coisas, também a fala”. (Vygotsky, 1987/1988, p. 131), a história tinha-se transformado de uma sequência de imagens desenhadas para os desenhos da fala, a linguagem escrita.

          Rapidamente copiei a história do quadro para uma tira de papel de cenário que ficou orgulhosamente exposta para todos a admirarem. Pedi a todos para juntamente comigo lermos a história em grande grupo. Alguns alunos mais fluentes na leitura e também os menos fluentes participaram com interesse.mem2

         No dia seguinte escrevi a história num documento de texto e utilizando os recursos multimédia disponíveis projetei-o no quadro branco.

As descobertas começaram pela contagem do número de palavras do título e do miolo da nossa história, relacionando assim a matemática de forma interdisciplinar. Comecei então por perguntar se existiam palavras ou alguns “pedaços” que reconhecessem. Percebi imediatamente que pelo facto de terem contribuído para a escrita da história, as crianças estavam notavelmente interessadas na atividade e foram colocando os seus braços no ar para partilharem que palavras ou partes de palavras que reconheciam.

O “ei” de sereia, a palavra “mar”, “Ariel”, “uma”, “um”, “iu”, “ou”, foram as primeiras a ser descobertas, assinalei-as com uma cor e o processo prosseguiu para letras que ainda não conheciam como o “g” que era como um “9” mas com perna parecida com um guarda-chuva. Por fim leram um a um o texto em trechos.

No final o resultado é o que aparece nesta imagem. (anexo 2)

mem1

          Na quarta-feira apresentei as seguintes atividades. (anexo 3)

A sereia do mar

A Ariel é uma sereia e vive no mar.

Um dia ela viu um marinheiro que caiu no mar e salvou-o.

Logo ficaram amigos.

Aline e a turma

Completa os espaços em branco

A ser__a do mar

A Ariel é uma ser__a e vive no ___.

Um d__ ela v__ um marinh__ro que ca__ no mar e salv__-o.

L_g_ ficaram amigos.

A ______ do ___

A Ariel é ___ sereia e ____ no mar.

Um ___ ela ___ um marinheiro que ____ o mar e salvou-o.

____ ficaram amigos.

Recorta e cola as palavras da história na ordem correta no caderno.

A

Ariel

é

uma

sereia

e

vive

no

mar.

Um dia ela viu um marinheiro que caiu no mar e salvou-o.

Logo ficaram amigos.

Nestas atividades ocorreram novas descobertas, as crianças procuravam as soluções quer a partir do texto da ficha de trabalho quer levantando-se e pesquisando na tira de papel de cenário exposta na sala.

A maioria do grupo completou as tarefas com agilidade e alguns alunos mais predispostos ajudaram os seus companheiros de turma com mais dificuldades, tendo eu aqui também auxiliado alguns dos alunos com a motricidade fina pouco desenvolvida, ou com mais dificuldades na escrita e leitura. 

No final desse dia, durante o tempo letivo de Expressão Artística, os alunos copiaram a história para o seu caderno e ilustraram-na.

Termino novamente com esta minha reflexão : "Ter um objectivo para escrever é como saciar a sede com água em vez de ter de beber todos os dias a sopa de letras."